"Meu psicólogo é fulano de tal". Você já deve ter ouvido isso por aí. Isso é muito comum acontecer quando alguém em processo terapêutico está identificado com o psicólogo, precisando indicar aos quatro cantos do mundo aquele profissional.
Deve-se considerar? Qual o psicoterapeuta ideal?
Todos nós estamos acostumados a buscar referências de conhecidos quando o assunto é um serviço qualquer de nosso interesse.
A academia dos famosos; o personal trainer da fulana; a manicure da amiga; O salão de beleza popular das redes sociais; o médico da família; a Escola dos filhos dos beltranos e até o influencer dos colegas de trabalho. Buscamos, além de referências, socialização, segurança, aceitação e pertencimento de grupo, naturalmente.
Com a saúde mental é diferente. Definitivamente de outra ordem lógica.
Ao falar sobre saúde mental e a busca por terapia, é importante considerar que muitos dos critérios que acreditamos ser úteis na escolha do melhor profissional acabam nos atrapalhando mais do que ajudando.
O melhor profissional é aquele que você encontra e é encontrado. É aquele que você permite te conhecer quando nunca abriria a oportunidade em qualquer outra situação. Alguém novo, totalmente outro que jamais imaginara a conexão. Em outras palavras, é aquele que dá match, sem que o mundo inteiro saiba. Até porque o mundo inteiro já sabe muito sobre você, salvo o que está escondido bem lá dentro e que até pra você é dificil descobrir.
Claro que algumas referências devem ser levadas em conta, como especialidades e formação técnica-profissional. No entanto, definitivamente, uma boa escolha não está ligada à popularidade de alguém.
O que o nosso psiquismo precisa é de uma escuta atenta, um momento reservado e uma oportunidade aventureira.
Apresentamos abaixo 6 pontos que você pode considerar na escolha de um psicoterapeuta para um tratamento assertivo e eficaz, sem sair com aquela sensação de que terapia não resolve o problema de ninguém.
1 - Autopromoção exagerada
Evite um psicoterapeuta que se autopromove exageradamente porque essa prática pode indicar uma falta de profissionalismo e ética. Psicoterapia é um campo que exige discrição, confiança e foco no bem-estar do cliente, e um terapeuta que gasta tempo e energia excessivos em autopromoção pode estar mais interessado em construir sua própria imagem do que em atender às necessidades de seus pacientes. Além disso, a autopromoção exagerada pode mascarar uma falta de competência ou experiência real, levando o cliente a expectativas irreais e possíveis decepções. Buscar um terapeuta que prioriza a prática clínica e o desenvolvimento contínuo, em vez de autopromoção, é fundamental para garantir um tratamento eficaz e genuíno.
2 - Popularidade e fama
Você deve evitar um psicoterapeuta popular e famoso, pois a notoriedade pode afetar a qualidade e a personalização do atendimento. Terapeutas que são amplamente conhecidos podem ter agendas lotadas, resultando em tempo limitado e disponibilidade reduzida para cada paciente. Além disso, a fama pode levar a um foco maior em manter a própria imagem pública, o que pode comprometer a discrição e a confidencialidade essenciais na psicoterapia. A relação terapêutica é fundamentalmente baseada na confiança e no cuidado individualizado, algo que pode ser difícil de manter quando o terapeuta é constantemente solicitado por um grande número de pessoas. Optar por um profissional menos exposto pode garantir um acompanhamento mais atento e personalizado, centrado nas necessidades específicas do cliente.
3 - Referências baseada em opinião
Evite também escolher um psicoterapeuta com base apenas em opiniões de outras pessoas porque as experiências terapêuticas são altamente subjetivas e variam significativamente de indivíduo para indivíduo. Um terapeuta que foi eficaz para uma pessoa pode não ser adequado para outra devido a diferenças nas necessidades, personalidades e estilos de comunicação. A escolha do profissional deve ser baseada em critérios profissionais, como qualificação, abordagem terapêutica, experiência e uma sensação de conforto e confiança que o cliente sente durante as consultas iniciais. Confiar exclusivamente em opiniões pode levar a expectativas equivocadas e frustrações, enquanto uma escolha mais criteriosa pode garantir um relacionamento terapêutico mais eficaz e satisfatório.
4 - Receitas mágicas
O cliente deve evitar um psicoterapeuta que oferece "receitas mágicas" e rápidas para o tratamento, pois a psicoterapia é um processo complexo que demanda tempo, paciência e comprometimento para alcançar resultados significativos e duradouros. Soluções rápidas muitas vezes não abordam as causas subjacentes dos problemas emocionais e comportamentais, levando apenas a alívios temporários e superficiais. Um psicoterapeuta que promete curas rápidas pode estar negligenciando a profundidade e a individualidade das questões do cliente, o que é essencial para uma verdadeira recuperação e crescimento pessoal. Buscar um profissional que valorize um tratamento cuidadoso e gradual, baseado em métodos comprovados, é fundamental para promover uma mudança real.
5 - Empatia e acolhimento
Deve-se considerar a empatia e o acolhimento na psicoterapia porque esses elementos são fundamentais para estabelecer uma relação de confiança e segurança com o terapeuta. A empatia favorece a conexão entre os envolvidos no setting terapêutico e isso é sentido pelo paciente ao perceber uma escuta atenta sem julgamentos. O acolhimento, por sua vez, cria um espaço terapêutico caloroso e receptivo, onde o cliente pode explorar suas questões mais íntimas. Essa combinação de empatia e acolhimento é essencial para promover a abertura emocional, a autoexploração e o crescimento pessoal, elementos chave para um tratamento eficaz e transformador.
6 - Prática clínica
A experiência prática reflete a habilidade do terapeuta em aplicar teorias e técnicas de forma eficaz em situações reais. A prática clínica proporciona ao terapeuta uma compreensão mais profunda das nuances e complexidades dos problemas psicológicos, permitindo-lhe adaptar as intervenções às necessidades específicas de cada cliente. Um terapeuta com ampla experiência prática está mais preparado para lidar com uma variedade de questões, desde problemas cotidianos até transtornos mais graves, oferecendo abordagens comprovadas e ajustadas individualmente. Assim, considerar a prática clínica garante que o cliente receba um tratamento competente, fundamentado em experiência e conhecimento, aumentando as chances de um resultado terapêutico positivo.
Conclusão
Agora me diz se você percebeu na imagem acima, terapeuta e paciente sem os sapatos. Pode ser a possibilidade de um ambiente acolhedor ou manejo clínico. Tirar os sapatos pra você é confortável ou inapropriado?
Depois dessas observações você pode ficar um pouco mais seguro ao escolher um profissional para cuidar da sua saúde mental, sem precisar considerar o encantamento de outro alguém. O mais importante é que você permita o seu próprio cuidado.
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